sábado, 27 de outubro de 2007

O Caso da (in)Felicidade

Qual o seu conceito de felicidade?

Às vezes acho que para minha vida ser feliz falta alguma coisa. Ou é o emprego que poderia ser melhor, ou é a faculdade que deveria dar mais prazer, ou é a vida pessoal que parece que não está bem. Mas bah, paro pra pensar, e tá tudo redondinho. Tenho um emprego decente, honesto, paga bem e me faz sentir muito bem. Na faculdade conheço pessoas incríveis que tenho certeza de que quero ter ao meu lado para o resto da vida. E a vida pessoal, se não aparenta que está bem, é só aparência mesmo.

Acomodado? Pode ser. Mas acho que se trata muito mais de uma virtude em que sabemos valorizar nossas "posses" - no sentido sentimental da coisa, nada material. Até concordo que posso ser acomodado, mas de repente isso pode me trazer muito mais felicidade do que a ambição de ter tudo melhor traria. Ainda mais quando faço comparações, vejam só:

Há umas duas semanas atrás aconteceu um fato meio chato: nosso vizinho de porta se enforcou. Era um pai de uma família (já passara dos 50 anos) bastante problemática. O filho mais velho foi o único que saiu ajeitadinho. Pelo que me consta, nunca matou nem assaltou nem traficou. O segundo fez toda a merda que o primeiro não fez. Nunca tive certeza disso, mas dizem as más línguas que era o fornecedor-mor do bairro. O terceiro seguiu a trilha do antecessor, cagando ainda mais a honra do pai. E por fim, veio uma menina. E vejam, até ela se metia com essas coisas. Sua mulher, segundo minha mãe, já estava com problemas nos neurônios - coitada, não processava mais as informações direito. Apresentada a família, vamos aos fatos: chegando em casa naquele dia (era perto das 23h) notei que havia uma movimentação estranha na casa. Aquele lar, que poucas vezes recebia visita, abrigava agora algumas pessoas em seu interior - cerca de 10. Quando terminei de circundar a casa pensei comigo: "mas olha, que clima de velório". Parece brincadeira, mas é verdade.

Cheguei em casa e minha mãe, com uma cara de :/ disse que o coitado se enforcara. Na hora fiquei pasmo, imadiatamente comecei a pensar naquela mãe, uma senhora de quase 60 anos. Acabara de perder o marido, o filho homem mais novo estava no reformatório e o do meio perdido no mundo. Me perdõem pela crueldade, mas graças a Deus que ela enlouqueceu, pois uma pessoa não merece passar por tudo isso em sã consciência.

Tudo isso numa família vizinha de porta. Agora me pergunto: "Sou acomodado ou realmente tenho uma vida feliz?".

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